Watchmen / RED


Original Ontem, Clichê Hoje
Há obras que, por serem tão copiadas ao longo dos anos, acabam perdendo a força de seu impacto original. Considerado a bíblia dos quadrinhos, Watchmen jamais teve a qualidade de seu material de origem contestada; sua transposição cinematográfica, por outro lado, além de não compreendida por parte da crítica especializada, fora ignorada pelo público que, por conseguinte, não prestigiou o longa-metragem de Zach Snyder conforme o aguardado.
Ocorre que a história criada por Alan Moore detém um caráter deveras subversivo e, por vezes, frio, não sendo, desta feita, um trabalho feito para divertir nos moldes do que normalmente se espera deste tipo de mídia – ainda que quando dirigida para leitores adultos. Dentro deste contexto, o filme de Snyder segue piamente a densidade dos gibis, pouco ligando para eventuais expectativas comerciais, daí porque o cineasta obteve o êxito de realizar um Watchmen em película tão truculento, mordaz e amoral quanto sua versão impressa, o que, sem dúvida, torna digna de aplausos a fidelidade canina para com a criação de Moore demonstrada por Zach Snyder o qual, mesmo sem tomar “liberdades artísticas”, consegue deixar sua marca através de estilizadas cenas em slow motion que terminam se assemelhando aos próprios desenhos das revistas inspiradoras da produção.
Por isso, Watchmen (EUA, 2009) é um filme que, no mínimo, merece ser redescoberto e visto com um olhar diferenciado, afinal, seus conceitos de heróis politicamente incorretos que fundem bem e mal numa só toada, podem não parecer originais hoje quando já utilizados para o embasamento de tantos outros trabalhos, mas assim eram considerados à época do lançamento dos gibis.
Falando em apropriação de ideias, eis que mais um filme utiliza a premissa de Watchmen, qual seja a dos heróis veteranos que tem sua aposentadoria interrompida por conta de assassinatos envolvendo antigos colegas. Neste diapasão, RED – Aposentados e Perigosos (EUA, 2010) dispõe de um roteiro com ponto de partida semelhante àquele imaginado por Alan Moore mas que também – sejamos justos – copia aspectos de outros títulos, como, por exemplo, as produções Cowboys do Espaço (Space Cowboys, EUA, 1999) e Encontro Explosivo (Knight and Day, EUA, 2010).Valendo-se, portanto, de pitadas de diversos argumentos repetidos, RED mistura todos os tópicos plagiados num balaio extremamente previsível e nem sempre divertido, uma vez que a quantidade de clichês poderia, num mundo perfeito, ser reduzida para, ato contínuo, gerar um produto mais enxuto e menos cansativo.
Ok, a fim de não soar como um desabafo ranzinza, vale confessar: apesar de se estender além do necessário, RED é facilmente digerido quando acompanhado por um gigantesco balde de pipocas e quando em cena quem surge é o ator John Malkovich o qual, parodiando as caras e bocas tão recorrentes em performances anteriores, acaba surpreendendo ao roubar o espetáculo para si, mostrando-se, desse modo, como grande surpresa de uma espécie de produto, via de regra, carente de tal atrativo.

Ficha Técnica - Watchmen

Direção: Zach Snyder 

Elenco: Jeffrey Dean Morgan (Edward Blake/The Comedian) Stephen McHattie, Carla Gugino (Sally Jupiter/Silk Spectre)Danny Woodburn (Big Figure)Billy Crudup (Jon Osterman/Dr. Manhattan)Niall Matter (Mothman) Jackie Earle Haley (Walter Kovacs/Rorschach)Patrick Wilson (Dan Dreiberg/Nite Owl)Matthew Goode (Adrian Veidt/Ozymandias)Matt Frewer (Moloch)Malin Akerman (Laurie Juspeczyk/Silk Spectre II)
Estreia no Brasil: 6 de Março de 2009
Duração: 162 minutos

 

Ficha Técnica - RED

Título Original: Red
Direção: Robert Schwentke
Elenco: Helen Mirren (Victoria) Bruce Willis (Frank Moses) Morgan Freeman (Joe Matheson) Jaqueline Fleming (Marna) Emily Kuroda (Mrs. Chan) Jonathan Walker (Burbacher) Mary-Louise Parker (Sarah) Julian McMahon (VP Stanton) Michelle Nolden (Michelle Cooper) Ernest Borgnine (Henry) James Remar (Gabriel Loeb )Richard Dreyfuss (Alexander Dunning) Karl Urban (William Cooper) Brian Cox (Ivan Simanov) John Malkovich (Marvin Boggs)
Estreia no Brasil: 12 de Novembro de 2010
Duração: 111 minutos

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